segunda-feira, 31 de maio de 2010

Infância ♥

Olhando agora para essa lagoa, esse pôr-do-sol da minha terra, faço um regresso a minha infancia."Estou de volta ao meu aconchego, trazendo na mala bastante saudades..." Sinto o cheiro adocicado das rosas do jardim de tia Júlia; os dois oitões da casa repletos de rosas, margaridas, girassois... Os pés de papoula e tantos outros cheiros da casa da minha vó. Fico mergulhada de lembranças nesta lagoa situada na serra, com um clima tão gostoso... Uma cidade linda, como diz a letra da música de Jango: "São Miguel, São Miguel esta terra é doce mais que o mel / O povo daqui é um barato, povo educado, hospitaleiro e respeitado..." Caminho agora por ruas e becos; o alto do Pinheirão; as novenas de maio e a casa de vó, onde Estanislau não nos deixava em paz quando ficava revelando fotografias no quarto de Fael. As manhãs de névoas, o frio e o sussurro dos meus tios conversando junto ao fogão de lenha, aquecendo suas mãos daquele frio sedutor da serra. Acordavamos na casa da minha vó ouvindo estes sussurros, e lá iamos, eu e Salete, para nosso devocional: "'bença'" tia Júlia, "bença" tia Augusta, "bença" Titico, "bença", "bença", "bença..." E íamos nós desatando o nosso rosário de "bença". Nessas manhãs o cheiro do café no bule sobressaía-se ao cheiro dos pães quentinhos da padaria de "Francisquim" que ficava a duas calçadas da casa da minha avó. O pé de pitanga, os coités da casa de vó, tudo é recordação. A festa de setembro com a bateria de fogos, as caminhadas para lagoinha, a casa de farinha, as noites de missões, o parque, as músicas no auto-falante, as vezes que íamos roubar carolina (tipo de doce) lá em Ademar de Joel, (minha irmã, salete, eu e outras meninas). As voltas no mercado nos dias de feira, são tempos de infância em que nós eramos felizes, diferentes das crianças de hoje... Volto para a realidade e recolho as minhas lembranças nesse fim de tarde, distante da minha lagoa de infância...

sábado, 29 de maio de 2010

SAUDADES

Passei uns dias sem disposição de postar alguma coisa, até separei coisas antigas, uns poemas, depois deixei de lado. Hoje senti vontade de sentar novamente e deixar um texto lindo de Miguel Falabela para quem está sentindo saudades. Esse sentimento que as vezes nos atormenta como a dor que acompanha o rebentar do broto. SAUDADE... "Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão doi. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudades da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ela no quarto sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir ao dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la e ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet e encontrar a pagina do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald's, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você provavelmente está sentindo agora depois que acabou de ler..." Saudade, é como disse Clarice Lispector "é um pouco como fome... só passa quando se come a presença. Mas as vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco. Quer se absorver a outra pessoa toda toda. Essa vontade de um ser outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida".

quinta-feira, 20 de maio de 2010

1995/2010

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra não dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem um peso do olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros". Clarice Lispector
É preciso desfazer algumas malas, tirar o mofo dos armários e tentar ao longo da existência refazer novas viagens, tentar trazer nas bagagens uma nova experiência para contrapor com a razão de viver, querer, mesmo na adversidade fazer... Tudo é tão tremendamente notável. E porque só poucos vêem? É uma batalha, um gigante... E quantas vezes não somos postos à prova? Por que 1995? Ano de guerras e tempestades em nosso viver. E no meio de todo turbilhão, lá estava a mão protetora de Deus nos guiando como a coluna de fogo no deserto. E porque depois de tanto tempo eu deixo esse depoimento num blog onde quem quiser pode ter acesso? Não tenho explicação, apenas uma urgência de escrever, escrever e mostrar que a mão de Deus se sobresai no nevoeiro. Por mais pesado que ele se apresente um dia passarás. Foram dias, meses e anos de incontáveis batalhas. Vinha de forma implacável. E onde encaixar a vontade de Deus em todo aquele processo de aprendizagem? As arestas sendo aparadas sem anestésico, apenas a realidade seca, cruel... E de repente no meio do caos, surge a promessa! E que promessa grandiosa... Esta peleja não é vossa... Diz o Senhor. E ali, no meio das sombras de morte, ví o quanto Deus estava trabalhando nessa peleja. E foi sem nenhum temor que desci ao vale para juntar as pérolas que haviam descido pelo desfiladeiro das lutas. Ainda hoje encontro-me no vale. Sei que no caminho para o monte encontrarei barreiras, subirei encostas, galgarei montanhas... Tenho certeza de que quando chegar o momento o Senhor estará entregando a vitória em minhas mãos e aí terei vencido esta batalha. Todos os dias eu sei que Deus nos ergue um pouquinho, enxuga as nossas lágrimas e nos dá novo ânimo. Confiamos em promessas que não falham... O Senhor da batalha está no comando. Continuo juntando as pérolas e tentando uní-las sem deixar marcas. E quando às vezes penso que estou sozinha, volto a pensar na jornada e no caminhar do meu Mestre, no processo que Ele passou, e então olho para o alto. Por que sei que "Posso todas as coisas naquele que me fortalece". bjs

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Desde os anos 80 eu colecionava as crônicas de um grande escritor norteriograndense chamado Vicente Serejo. Certo dia, lá em Assu, eu pedi a Gilson Moura, que na época era radialista da Pricesa do vale, para que me apresentasse ao Serejo. Isso nunca aconteceu. Só sei que eu tenho várias crônicas coladas nos cadernos da faculdade. Engraçado que tem uma que eu jurava que ele tinha escrito pra mim. Imagina!!! Que presunção a minha. É que até o titulo era como se apenas poucas pessoas lessem aquelas crônicas. Ah, eu aguardava ansiosa o dia seguinte para ler o Diário de Natal. Vocês já devem saber que hoje vou postar uma Crônica dele. Não liguei pedindo autorização mas vou postar mesmo assim. É linda!!!!!!!!!!!!!!!!!

COMO UMA CAMPONESA
Deve ser essa minha alma romântica, imprestável, deve ser. Essa minha alma de soneto parnasiano, essa alma sem graça, a última, talvez, que ainda se deixa levar pela beleza da tarde. E as tardes caem em mim tão belas que até parecem contidas daquela beleza das mulheres que se vestem de camponesa e amam com seus olhos tímidos. Pobre de mim, certamente, que não nasci moderno em nada. E não sendo, por não ter nascido, perdi de ser, entre os eleitos, ao menos, um aprendiz. Fiquei só com os meus eus. Os que são também os eus de todo mundo: os olhos, os ouvidos, a boca, os braços e as pernas nos gestos do viver.
E se há em mim a vaidade do silêncio, certas horas, é porque o próprio silêncio é a grande e única verdade desejada. Silêncio de saber ser ou de ter sido. O silêncio de certeza de que nunca será. E confesso mesmo, já que a própria tarde se abre em confissão: tenho apenas comigo, entre os lençois da alma, os sonhos que eu mesmo colecionei. E, se mais confesso, é só pra dizer que se fosse mercador também teria perdido meus navios. Fossem do que fossem feitos esses navios. Se eu vendesse segredos seriam ainda mais pobres porque se há segredos pobres são os meus. E tão pobres que uma vez confessados não seriam manchetes de jornal, nem nota de pé de página, nem nada. Fora, definitivamente, do mundo dos homens práticos e objetivos, terminei por não aprender a tempo a pôr o próprio mundo no seu lugar. Virei, mexi, e perdi os caminhos. E por desconfiar que só os desejos realizam os sonhos, ando desejando o que me foi de direito sonhar mesmo sabendo que são apenas sonhos, sempre sonhos. Ora, como a vida é fácil para os tolos! A eles viver é fácil que parecem livres da paixão, da dor, do prazer, do tédio e da angústia. Eles são alegres, de uma alegria sem fim, de um alarido invencível. Como se a vida fosse sempre alegre. E tanto pior, como se a alegria fosse assim uma espécie gordurosa de feijoada em conserva. E como não há a quem comunicar as angústias de uma alma gorda e triste, tomo para mim os olhos dos meus pouquissimos leitores como se neles fosse possível pregar as minhas confissões. É que escrevo aqui todos os dias e as vezes penso que estamos todos, eu e meus pouquissimos leitores, numa sala de jantar conversando como amigos. Quem sabe, ora, não é assim mesmo! Se tenho pouquissimos leitores talvez possa mesmo encontrá-los em redor da mesa . Diante de um bom vinho, de um queijo forte, de um pão de trigo, de um charuto. E alí, naquela mesa, ficássemos como se todos esperassem a tarde. Levemente. Suavemente. Como se todos tocassem a pele com seus próprios lábios. Uma tarde azul e tão bonita como as mulheres que se vestem de camponesa e amam com seus olhos tímidos. Vicente Serejo.
E aí gostaram? Aqui a tarde está linda!!!!!!!!!!! Se veste toda de azul. Não é a mesma tarde da terra dos poetas. É uma tarde diferente de outras tardes que viví. Bjs para todos vocês. Ainda continuo querendo conhecer o autor da crônica.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Meu coração se angustia

Vejo uma realidade que não posso mudar... Medo, frustrações e desespero tomam contam da humanidade. Pessoas que já perderam as esperanças e não crêem que o amor de Deus pode mudar situações, determinar o término da dor. Lí uma citação do escritor, Fábio Potiguar, que diz o seguinte: "Quando Deus se distancia, a sua ausência se faz sentir, os salmos trazem uma tomografia do sentimento humano." E é esse sentimento que fez o salmista clamar:" Elevo os meus olhos para o monte de onde me virá o socorro?" A diferença é que o salmista conhecia a resposta que a humanidade não conhece:"O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra." Um Deus que ama você apaixonadamente, pessoalmente e eternamente. A dor do inevitável pode bater na sua porta e eu não sei se o seu coração estará preparado. É tudo tão doído o que nos angustia, nos deixa perplexo... Eu quero de outra forma falar de amor, alegrias... Quando sento aqui só vem a dor companheira de tantas Marias, Lúcias, Fatímas, Andréias, e pensando nessas dores eu as faço minhas, porque não sei ser de outra forma. Diante de mim um vazio... Lembro de um livro que lí em 2002. Um livro de Lia Luft. Pensar é Transgredir. Recomendo a vocês que porventura leiam esse meu blábláblá. Quando terminei de ler escrevi na contra capa o meu depoimento. E quero encerrar esse aqui com ele. Pensar é transgredir no falar... Acontecer é o não sair do comodismo. PURO MEDO do desconhecido. Transgredir implica tomar decisões, e nem sempre decisões acertadas, ponderadas... Não transgredir - é viver o que os outros querem, pensam; é viver gotículas, reticências. PONTO - um sinal, final que pode transgredir o eu, o solitário, o sonhador, o que medía, o que devasta e atormenta. O comodismo transcede o transgredir. É tudo tão simples! Contraditório, quem não o é? A vida é uma mão cheia de contradições.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Geração dividida

Hoje as palavras se recusam a tornarem-se visíveis,
quem sabe é o medo de nodoar-se com minhas inquietudes, dúvidas e esta terrível ansiedade quando nada acontece do jeito que planejei. Quero, preciso e sonho com dias serenos, cheios de tranquilidade,
onde eu possa escrever, escrever, escrever...
E sugar de um amontoado de palavras o sumo adocicado que pudesse tocar o coração de algumas pessoas; mas ultimamente só tenho escrito cansada e pouco alegre, como estou me sentindo agora... Daí me parece que tudo que escrevo fica nodoado de tristeza, e do pouco que sai consigo transmitir menos ainda o que realmente desejo.
E ai? como falar de ansiedade? AN-SI-E-DA-DE...
Essa palavra parece traduzir precisamente o sentimento de muitos jovens, sejam eles evangélicos ou não. Um olhar superficial não é capaz de detectar esse estado de espírito, afinal a adrenalina é uma maquiagem eficiente para esconder imperfeição e aparentar uma insatisfação tão esteriotipada, quanto irreal. Em segundos a casa de felicidade cede ao torpor da dor silenciosa. O que fazer?
O sonho que não se realiza, o vestibular chegando,
que profissão escolher?????? E o namorado? Será que é esse? São esses os anseios que os deixam ansiosos?
E o desemprego? Como será quando terminar o curso? Temos respostas? A Bíblia traz para nós um grande ensinamento quando lemos em I Pedro 5:7."Lançando sobre Ele (Jesus Cristo) todas as nossas ansiedades, por que Ele tem cuidado de vós." Essa palavra é tão poderosa que soa harmonicamente como uma nota fazendo-me crer que podemos esperar mesmo sendo no deserto, na dor, nas manhãs inquietas... Porque mesmo quando o céu está cinza e as nuvens pesam sobre você e o mundo é mais escuro do que podemos entender uma porta há de se abrir e esta ansiedade passará. Hoje a ansiedade bateu na minha porta e eu cantei. "A alegria do Senhor é a minha força. CORAGEM!!!!!!!!!!!!!!!! Dedicada a L.S.J :D

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um olhar triste

Não consigo entender o que provoca esse olhar vazio. Perplexidade? Medo? Tudo é um caos.
Quando estive em Martins/RN, uma frase escrita numa placa chamou a minha atenção, é uma frase do padre Alfredo Simonet que diz: "Eu creio Senhor, na juventude. Na juventude sem rumo do meu tempo." Pensei, porque não começar o ano letivo lendo essa frase para meus alunos ansiosos? Meus alunos sem rumo e sem sonhos? Vejo todos os dias centenas de jovens buscando encontrar um objetivo, um motivo que os tire dessa droga de inércia capaz de esmagar os seus anseios. Trocam o livro pelo celular, viajam sem rumo na esperança de um caminho mais fácil. E o olhar? O brilho já desapareceu e a vida vai morrendo na retina embaçada por alucinações que não fazem sentido. Voltei da visita sentindo uma dor impotente...
De mãos atadas pelo silêncio do coração... Um silêncio de pavor. O caminhar lento, os olhos buscando uma ajuda que parece não chegar. O que fazer se o coração não se abre? Acredito que só Deus tem uma solução para todo esse caos na humanidade. O pavor! Um medo sem respostas. Ainda creio que vale acreditar na juventude. Resgatar através do amor e deixar esparramar a essência daquele ungüento que foi derramado para ungir os pés do nosso Mestre.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Saudade é solidão acompanhada

Estava pensando na solidão dos jovens e criei coragem para começar a escrever."Tudo tem um tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (ecles.3.1). Não foi de repente a idéia desse blog e nem era para começar escrevendo assim, tenho medo de gerar expectativas e depois desistir por puro comodismo de lidar com as minhas incoerências e a dinâmica do tempo. Detesto rotinas, apesar da vida ser feita assim; rotinas, rotinas... É tempo de plantar a palavra nos corações mesmo sem saber que alguém irá ler o que está sendo postado aqui. Hoje farei uma visita a uma menina que está em um estágio avançado de depressão, e ela só tem 14 anos. O que leva uma adolescente, que está na fase melhor da sua vida, a passar por uma experiência deste tipo? Entrar num abismo insondável de solidão... Não sei como irei encontrá-la. Em qual nível de tristeza ela se encontra... E o que provocou este vazio? É tempo de resgatar a alegria e trazer o sorriso aos olhos desta criança. Estou indo fazer a minha parte e trarei noticias e com certeza iremos falar da solidão, que sentimento é esse que tanto nos angustia e nos causa dor?