sábado, 23 de julho de 2011

Eu, o silêncio e a tarde!




Estou em silêncio, pastoreando as emoções sobre a lã das horas. Vou caminhando de encanto e canto por céus abertos de amor. Conviver com o inusitado e sentir escorrer do fruto das palavras o sumo adocicado das vivências e da procura do amanhã. Aguardar o tempo com calma e adentrar nos seus mistérios sem se submeter as regras e formas. Nutrir a alma e transfigurar o cotidiano em poesia e encantamento. Esquadrilhar os versos livres e poemar a beleza de um encontro. A música vai envolvendo a tarde,e sentada na cadeira diante do por-do-sol contemplo as sombras da tarde descansando e se entregando aos mistérios da noite, que chega de mansinho trazendo com ela as vidas noturnas que vão se acordando para o amar, o fazer, o ser, acontecer e chegar. Hora de calar as emoções e entrar pela porta que se abriu em reverência. E em silêncio, festejar o nascimento de outras experiências...Nestas horas em que a vida acontece em sua plenitude, onde morte e vida se misturam e eternizam na hora lenta...

sábado, 16 de julho de 2011

Poema na manhã que renasce



Uma manhã não serve para muita coisa. Porque uma manhã não é muito. Sobretudo uma manhã não é um tempo real que se possa medir com as horas do coração. A menos que amanhã tenha apenas a função de ser um expediente. Nesse caso, toda manhã pode ser medida não só pelas horas mas também pelas assinaturas, os carimbos, os vossas execelências. Uma manhã, pra ser de verdade, deveria ser qualquer coisa parecida com um poema. Não, não quero uma manhã de versos, parnasianos ou modernistas. Nem desejo repetir os suspiros de saudade do poeta Jorge Fernandes, quando um dia, nesta província submersa, acordou com vontade de fazer lindos versos parnasianos. Penso que uma manhã deveria ser um poema, mas penso mais ou menos como pensava Mario Quintana. Não imito, que imitar é tolice. Ninguém imita um gênio. Copio, pois além de ser mais honesto, ainda é salutar para a alma desmedida de horas e minutos, retomar o sabor dos versos de Quintana e seu olhar poético sobre a vida.


Uma manhã, sem mais demora, deveria ser como o poema que Mário Quintana desejou fazer: perfeito como um gole d'água bebido no escuro. Ou "como um pobre animal palpitando ferido." Ou quem sabe, "como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna."Uma manhã bem poderia ser assim, como o poema perfeito. Para Mário Quintana um poema não pode ser contido de outra angústia que não seja a sua própria angústia e sua misteriosa condição de poema.

Deve ser "triste, solitário, único e mais: ferido de mortal beleza." Penso isso agora, nesta manhã que apenas começa, feriado de mortal beleza que parece chamar os olhos pro jardim.

Não chego a pensar no assassinato do poeta. Nem a desejá-lo morto, como Quintana. Mas concordo que um poema, como uma manhã perfeita, deve ser livre como uma pedra que cai no abismo. Uma manhã deve ficar, de algum modo, em algum lugar da alma. Deve ser um pedaço de lembrança que fica como uma pedra preciosa, no cordão de ouro.

Uma manhã é tudo isso e é mais. Sim, há quem não consiga descobrir as muitas manhãs. Há os que limitam às mesmas manhãs, como o gosto sempre igual da pasta de dentes, do sorriso plástico do pente sobre os cabelos e até das rugas que, algumas manhãs, acordam no rosto da gente depois do longo e doce sonho da juventude.
Uma manhã deve ser triste e ser alegre. Deve ser curta e demorada. Uma manhã deve ter o tamanho inteiro da primeira emoção que chegar. Deve ser o tempo do longo vôo da andorinha-do-mar, aquela que passa até 14 mil horas voando para buscar a alegria do verão, no Ártico ou Antártico, onde o verão estiver. Crônica de Vicente Serejo/ escritor e cronista potiguar membro da Academia Norte-riograndense de Letras

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Renovando Promessas



As palavras ficaram em silêncio, a noite chegou e não vi. Os pensamentos que calaram dentro de mim agora se debatiam em busca de ar livre para se expressar. Não sei andar sozinha, mas atrevi-me a sair na noite para ouvir o coração. O eco da mensagem era o combustível que acelerava a pulsação do meu coração. A promessa estava de pé. Lembrei de Mefibosete lá em Lo-Debar e isto também estava na mensagem, era o contexto que faltava dentro da dinâmica de Deus. Tudo havia sido tirado de Mefibosete, toda a sua herança, seus sonhos... Davi reinava em Israel, quando o rei deveria ser ele. Muitos estão em Lo-Debar como Mefibosete, por ignorar que os planos de Deus encontram-se de pé. Os dias de prova teriam fim; Davi não sabia quando ia acontecer, mas Deus sabia. Essa é umas das partes que eu mais amo. Ziba fora servo de Saul, "e o chamaram que viesse a Davi. E disse o rei: Não há ainda algum da casa de Saul para que use com ele de beneficência de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés. E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em Lo-Debar. Então mandou o rei Davi, e o tomou da casa de Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar." (2 Sm 9.2-5). Mefibosete, coxo de ambos os pés entrou na casa do rei.Você tem consciência daquele que tem o poder? Daquele que tem como base de seu trono a justiça?Você tem idéia do que Ele conhece da sua vida e do que preparou durante todo este tempo em que andaste distante da promessa? Você o conhece de perto ou só de ouvir falar? As palavras agora jorram como água em cascatas, não encontro-me mais em Lo-Debar, lugar de escassez. Há uma aliança, uma promessa e ela será cumprida no tempo certo. Eu sei que o tempo de cantar chegou! Podemos sentar à mesa do banquete. Trinta e seis pessoas iriam servir Mefibosete! Ele receberia a herança perdida. Diga a Deus o que você necessita... Ele não se esquece de você. Há pessoas perdendo emprego, pais perdendo filhos, maridos perdendo esposas, lares sendo desfeitos, vidas sendo destruidas, mas saiba de uma coisa: A fidelidade de Deus não muda. Creia na promessa como eu cri."Bendize, ó minha alma ao Senhor, e tudo que há em mim bendiga o seu santo nome." (Sl.103.1)