"Vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender. A lua vai banhar esse lugar e eu vou lembrar você... (Ana Carolina).
Estou tentando iniciar alguma coisa, sinto-me meio travada esses dias de 2011. Tive algumas decepções, e algumas alegrias. Conheci minha neta Alícia que agora está passeando lá na terra dos poetas conhecendo os amigos do papai. Na virada do ano fomos para barreta praia do litoral sul, reencontrei Emília, Vevinha não foi. E também não foi dessa vez que conheci Samuel. Agora estou ouvindo um locutor passando o som para uma festa em Arez. A festa de reis, tão conhecida nessa região. O barulho é na minha porta. Infelizmente está tudo interditado, não podemos sequer sair de carro... Não fui viajar dessa vez. E o tumulto das barracas sendo arrumadas se confundem com o tumulto do meu interior. Estou sentindo uma saudade nessa tarde... Saudade da infância, dos tempos em que não precisava andar na ponta dos pés para não acordar os fantasmas da nossa existência... Estava vendo fotos de tanta gente que se faz ausência em minha vida e fiquei triste. Triste por não poder recuperar o que já passou, por não poder voltar e eternizar em minha vida os momentos que deixei morrer por falta de atitudes, de coragem, de romper com a mesmice da vida. Amigos morreram sem que nos despedissemos... outros partiram sem um até logo... Procurei absorver o sorriso, decorar a fisionomia para não esquecer. As vezes gosto dessa coisa nômade em minha vida, e também quero criar raizes... Não sei onde vou parar, ou onde será minha última morada. É tudo tão transitório em nossas vidas... Quero chorar nessa tarde, por que sinto que perdi mais do que ganhei. Ver minha família, meus amigos de infãncia tão distantes, deu um aperto no peito e é como se um elo tivesse sido partido. Tanta gente que não conheço e somos sangue do mesmo sangue. Cada um foi por um caminho... São Paulo, Manaus, Brasília, Fortaleza, Tantos lugares... e eu me agarro aos detalhes da festa, do buquê de uma noiva que é sobrinha e não conheço, a formatura, tanta gente lá que eu queria abraçar, dizer da saudade, trazer à memória as nossas histórias, mas estou aqui, escrevendo para que alguém leia e saiba de mim, de que estou com saudades. Da família, dos amigos e principalmente de mim...