sábado, 3 de dezembro de 2011

Lembranças


Hoje acordei com uma menininha puxando os lençois impaciente. Olhei para ela e vi uma ponta de tristeza passando em seu olhar. Levantei com pressa e comecei a organizar a rotina do dia que estava começando. Quando olhei no espelho a menininha estava ali, olhando pra mim com olhar triste, presa no espelho perdida nos mistérios da manhã que começava. Não conseguia entender porque ela ainda continuava ali. Olhei mais uma vez e retroagi aos anos que passaram... Aquela menininha sentada ali olhando o nada, vislumbrou uma noite perdida entre suas lembranças. Era uma noite de lua crescente, havia pouca luminosidade naquela noite morna com o vento que vinha do norte. Naquela época, sabíamos a rota do vento. E como em todo interior saíamos a noite para alguma prosa na casa dos vizinhos... Prosear era o termo usado para colocar em dia as noticias raras que chegavam naquele pé de serra no Oeste do nosso Estado. E foi numa dessas prosas que ouvi uma vizinha perguntando por uma irmã daquela menininha... Sobressaltada com aquela noticia começou um pequeno interrogatório infantil. Quem era essa irmã? onde estava? Por que não estava ali? Era viva? E a imagem daquela irmã povoava a mente daquela menina que agora depois de mais de quarenta anos teme um encontro com uma realidade inacreditavelmente próxima... Poucos compreendem o que é passar anos sonhando com um presente sem possibilidades e de repente ele se apresenta tangível, pronto, diante de você. A menina que passava tardes inteiras sonhando com a irmã, perdia-se na imaginação: Como seria? Do que brincava? Será que gostava de ler? Brincar de bonecas? Imaginar contos de fada? Brincar de casinha? Tinha bolo de aniversário? Como era sua casa? A menininha tinha uma amiga que tinha uma boneca chamada Helena, e ela gostava de imaginar que sua irmã se parecia com Helena boneca, como era bom brincar com Helena, era bonita, branquinha de olhos azuis, como brigavámos por Helena. Nos sonhos da menininha só tem uma coisa que a inquietava: Queria encontrar sua irmã sozinha. Não queria platéia, não queria efusividade apenas um abraço e aquietar a alma que se inquieta nesta tarde morna.

3 comentários:

  1. Oi!
    Lindo e emocionante!
    Mas já houve um encontro, pq o medo agora?
    Estou tranquila, mas sei que vou chorar.rsss
    Beijos!

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  2. Que lindo amada......emocionante nesta manhã de domingo. Beijinhos, Vivi

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  3. olha eu aqui denovo, lu!! andei sumida e com saudades de ler seus textos,to voltando, bjos no seu coração. De alguem q te amaa muiitoo!!

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