segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Carlos Drumond de Andrade
Enleio
Que é que vou dizer a você?
Não estudei ainda o código do amor.
Inventar não posso.
Falar, não sei.
Balbuciar, não ouso.
Fico de olhos baixos
espiando, no chão, a formiga.
Você sentada na cadeira de palhinha.
Se ao menos você ficasse aí nessa posição
Perfeitamente imóvel, como está,
uns quinze anos ( só isso)
Então eu diria:
Eu te amo.
Por enquanto sou apenas o menino
diante da mulher que não percebe nada.
Será que você não entende?
(Esquecer para lembrar - Boitempo III)
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