quinta-feira, 20 de maio de 2010

1995/2010

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra não dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem um peso do olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros". Clarice Lispector
É preciso desfazer algumas malas, tirar o mofo dos armários e tentar ao longo da existência refazer novas viagens, tentar trazer nas bagagens uma nova experiência para contrapor com a razão de viver, querer, mesmo na adversidade fazer... Tudo é tão tremendamente notável. E porque só poucos vêem? É uma batalha, um gigante... E quantas vezes não somos postos à prova? Por que 1995? Ano de guerras e tempestades em nosso viver. E no meio de todo turbilhão, lá estava a mão protetora de Deus nos guiando como a coluna de fogo no deserto. E porque depois de tanto tempo eu deixo esse depoimento num blog onde quem quiser pode ter acesso? Não tenho explicação, apenas uma urgência de escrever, escrever e mostrar que a mão de Deus se sobresai no nevoeiro. Por mais pesado que ele se apresente um dia passarás. Foram dias, meses e anos de incontáveis batalhas. Vinha de forma implacável. E onde encaixar a vontade de Deus em todo aquele processo de aprendizagem? As arestas sendo aparadas sem anestésico, apenas a realidade seca, cruel... E de repente no meio do caos, surge a promessa! E que promessa grandiosa... Esta peleja não é vossa... Diz o Senhor. E ali, no meio das sombras de morte, ví o quanto Deus estava trabalhando nessa peleja. E foi sem nenhum temor que desci ao vale para juntar as pérolas que haviam descido pelo desfiladeiro das lutas. Ainda hoje encontro-me no vale. Sei que no caminho para o monte encontrarei barreiras, subirei encostas, galgarei montanhas... Tenho certeza de que quando chegar o momento o Senhor estará entregando a vitória em minhas mãos e aí terei vencido esta batalha. Todos os dias eu sei que Deus nos ergue um pouquinho, enxuga as nossas lágrimas e nos dá novo ânimo. Confiamos em promessas que não falham... O Senhor da batalha está no comando. Continuo juntando as pérolas e tentando uní-las sem deixar marcas. E quando às vezes penso que estou sozinha, volto a pensar na jornada e no caminhar do meu Mestre, no processo que Ele passou, e então olho para o alto. Por que sei que "Posso todas as coisas naquele que me fortalece". bjs

2 comentários:

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  2. "Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar."

    Carlos Drummond de Andrade

    É engraçado quando paramos e percebemos que sempre temos tempo pra tudo: dançar, sair com amigos, cuidar dos filhos, do lar. Mas, nunca tiramos um "tempo para organizar nossos choros!" Cuidar do nosso eu, que mergulhado em plena escuridão, no abismo de nossas indiferenças, pede por socorro. Tem momentos que precisamos jogar em auxilio ao eu, os trapos velhos e rotos, muitas vezes até apodrecidos, nas axilas, entre os braços e as cordas que sustentam esse eu e tirar o mesmo desse abismo. (Parafraseando Jeremias 38:12-13). Só assim,conseguiremos caminhar, subir montanhas consideradas intransponíveis, recolher as pérolas das experiências de vida sem frustrações, sem medo de ter tentado algum dia realmente ser feliz. Chorar! Ter tempo para chorar, é algo que necessitamos fazer com urgência!Que me entendam os que vivem de determinismo... Rir, nem sempre é sinal de felicidade! Chorar, nem sempre representa tristeza! O choro pode ser nada mais, nada menos, do que seu eu gritando por socorro, querendo ser livre para junto de você (o eu exterior), poder comer, tocar e amar o outro.Não disfarce, seja você mesmo e deixe o seu eu livre do abismo [...] Então, verás o eu completo em ti novamente!

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