sábado, 2 de outubro de 2010

Desejo


" Com minha alma te desejei de noite, e com o meu espírito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque havendo os teus juizos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça" ( Isaias 26:9).

De-se-jo

Seis letras que unidas formam uma palavra que guia nossa vida e determina nosso destino. Trissílabo paroxítono que acentua a palavra viver. Representando como vontade, esconde-se no querer mas prevalece, imperioso, no desejo de aparecer... O desejo é oculto, mas sujeito de si; é livre da censura e amoral no seu ser... Registra-se no tempo sem cronologia e é eterno até o corpo desfalecer...
Afirmar "eu quero", não significa "eu desejo". Querer é o resultado do posso, do devo e do preciso. Junção de verbos muitas vezes passivos e conjugados na terceira pessoa. Levei muito tempo para compreender a dicotomia entre o que eu afirmava querer e o que efetivamente eu fazia. Por que eu verbalizava com tanta veemência, o que parecia querer e efetivamente agia diferente desautorizada pelo real desejo? Sentia-me vitíma "a-sujeitada" de algo que ardia sem se ver... Queimava as minhas possibilidades de lutar contra o verdadeiro querer...
Resolvi olhar para dentro e desvendar o caminho do desejo. Segui a tragetória da minha vida e encontrei os atalhos criados para cortar caminhos e desviar meus desejos. Reconstruí estradas, desfíz túneis que afunilavam meus passos e enchiam de escuro o meu vislumbrar...Erguí castelos agora restaurados pelo tempo e usei a minha escolha como mão de obra especializada. Criei pontes, conexões de vias e tomei cuidado para não mais aceitar ruas sem saídas... Estabeleci avenidas e definí "mão única" para não mais correr o risco de me chocar com o "outro". Conservei os retornos, mas acrescentei paradas obrigatórias com o objetivo de rever o mapa do meu destino orientada pela bússsola do Espiríto Santo e pela ética do mesmo.
Agora eu sei: enquanto houver desejo, haverá caminhos. Ele é movimento. Sem ele sou barco sem rumo, festa sem música, bolo sem recheio. O desejo assusta, dá medo porque nos empurra a atuar independente doque parece certo. É como combustível inflama, incendeia, pega fogo e queima... Queima os entraves da repressão, do julgamento e da moral por acreditar ser imortal e onipresente.
Vivemos pelo desejo e desejamos viver para desejar. Por negá-lo é que sofremos, por escondê-lo é que adoecemos. Por ele erramos mas sem ele, não acertamos - ficamos perdidos num mundo, externo de nós mesmos. O desejo é cego de olhos por enxergar o "extra-visão," é surdo de ouvido para não ser freado pelo som da condenação e mudo de palavras porque se realiza nas ações...
Não tem escapatória, de uma forma ou de outra, o desejo se faz presente; pelo prazer, pela dor, pela dor do prazer, ou pelo prazer na dor. Ele aparece em cada ínfimo gesto, em cada ato falho, em cada aparente mal feito, em cada sorriso não dado... O desejo se mostra em cada lágrima contida, em cada palavra interditada... O que fazer então?
Permitir-se ir de encontro ao desejo próprio, único por ser nosso. Encontrar no mundo externo dos outros, o que realmente é interno em nós... E desejar... " Quem dera que se cumprisse o meu desejo e Deus me desse o que espero" (Jó 6:8).

3 comentários:

  1. Desejo que essa minha Amiga nunca perca o "desejo de transformar palavras em doces poesias, até quando se expresa em prosa"Bjo no♥

    ResponderExcluir
  2. tenho tantos desejos adormecidos parecem q estão em sono profundo, acho q tenho que deixa-los dormindo por mais um tempo.

    ResponderExcluir
  3. tenho muitos desejos no meu coração, mas tenho muito mêdo de desejar coisas que ñ seja do agrado de Deus. por isso coloco todos os meus desejos nas mãos Dele para que seja feito tudo conforme a vontade de Deus.

    ResponderExcluir