quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


Encontrei um pequeno texto de Alberto Caeiro que diz: " Fiz de mim o que não soube. E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vestia era errado. Conheceram-me logo por quem não era. E não desmenti e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi no espelho, já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário, como um cão tolerado pela gerência, por ser inofensivo. " Eu, em meio as minhas trevas luminosas, fraquezas, forças, tristezas alegrias, sou todo fragmento... Mas dos cacos de vidros espalhados fiz de mim um vitral, um mosaico. Sou todo inteiro mesmo sem ser total. Mas ainda que seja assim, mesmo que seja assim, mesmo assim vou prazenteiro e agoniosamente, vivendo unidade e pluralidade; pluralidade e unidade em meios a desolação e consolação da vida...

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